A Depressão

A depressão é uma condição médica definida que afecta 20 por cento da população portuguesa.

A depressão pode matar e não é sinónimo de tristeza nem um sinal de fraqueza.
Não é uma situação que se possa resolver de forma voluntária - as pessoas deprimidas não são preguiçosas ou fracas. O que se passa é que, sem ajuda, não conseguem simplesmente controlar os seus pensamentos, comportamentos e atitudes.

Muitos pacientes relatam uma única vontade: fechar-se no quarto, apagar as luzes, fechar as persianas e dormir, sem falar com ninguém. Já não sentem prazer ou alegria, estão sempre cansados e o futuro parece sempre pior do que o presente.

A depressão é a principal causa de incapacidades e a segunda causa de perda de anos de vida saudáveis entre as 107 doenças e problemas de saúde mais relevantes.

Uma em cada quatro pessoas em todo o mundo sofre, sofreu ou vai sofrer de depressão. Um em cada cinco utentes dos cuidados de saúde primários portugueses encontra-se deprimido no momento da consulta.


O que é a depressão?


A depressão é uma doença mental que se caracteriza por tristeza mais marcada ou prolongada, perda de interesse por actividades habitualmente sentidas como agradáveis, irritabilidade, desesperança e perda de energia ou cansaço fácil.

A depressão pode afectar pessoas de todas as idades, desde a infância à terceira idade, e se não for tratada, pode conduzir ao suicídio, uma consequência frequente da depressão. Estima-se que esta doença esteja associada à perda de 850 mil vidas por ano, mais de 1200 mortes em Portugal.

A depressão é mais comum nas mulheres do que nos homens: um estudo realizado pela Organização Mundial de Saúde, em 2000, mostrou que a prevalência de episódios de depressão unipolar é de 1,9 por cento nos homens e de 3,2 por cento nas mulheres.


Quais são os factores de risco?


Pessoas com episódios de depressão no passado; Pessoas com história familiar de depressão; Pessoas do género feminino – a depressão é mais frequente nas mulheres, em especial durante a adolescência, no primeiro ano após o parto, menopausa e pós-menopausa; Pessoas que sofrem um qualquer tipo de perda significativa, mais habitualmente a perda do emprego ou de alguém próximo; Pessoas com doenças crónicas - sofrendo do coração, com hipertensão, com asma, com diabetes, com história de tromboses, com artroses e outras doenças reumáticas, SIDA, fibromialgia, cancro e outras doenças; Pessoas que coabitam com um familiar portador de doença grave e crónica (por exemplo, pessoas que cuidam de doentes com Alzheimer); Pessoas com tendência para ansiedade e pânico; Pessoas com profissões geradoras de stress ou em circunstâncias de vida que causem stress; Pessoas com dependência de substâncias químicas (drogas) e álcool; Pessoas idosas.

Se sofre de ansiedade e/ou ataques de pânico, não hesite em procurar ajuda especializada, pois muitas vezes são os primeiros sintomas de uma depressão. A ansiedade e o pânico são tratados com bastante sucesso através da psicoterapia.

Se apresenta queixas físicas sem que os exames de diagnóstico encontrem uma explicação então aborde o assunto com o seu médico assistente.

As três formas de depressão mais comuns são a depressão major, a perturbação distímica e a perturbação bipolar.


Os sintomas mais frequentes são:


• Humor persistentemente triste
• Diminuição clara do interesse em todas ou quase todas as actividades
• Alterações do peso ou do apetite
• Insónia ou sonolência excessiva
• Agitação ou lentificação psicomotora
• Fadiga ou perda de energia
• Sentimentos de desvalorização ou culpa excessiva
• Diminuição da capacidade de concentração ou indecisão
• Pensamentos recorrentes sobre a morte ou ideação suicida
• Sintomas físicos persistentes, como dores de cabeça, problemas gastrointestinais ou dor crónica que não respondem ao tratamento convencional

Mais de 80% dos doentes deprimidos melhoram com o tratamento apropriado. A escolha do tratamento vai depender do diagnóstico, gravidade dos sintomas e preferências do doente. De forma geral, as depressões graves requerem uma combinação de medicamentos (antidepressivos) e psicoterapia.


Quais são as causas da depressão?


As causas diferem muito de pessoa para pessoa. Porém, é possível afirmar-se que há factores que influenciam o aparecimento e a permanência de episódios depressivos. Por exemplo, condições de vida adversas, o divórcio, a perda de um ente querido, o desemprego, a incapacidade em lidar com determinadas situações ou em ultrapassar obstáculos, etc.

Algumas doenças podem provocar ou facilitar a ocorrência de episódios depressivos ou a evolução para depressão crónica. São exemplo as doenças infecciosas, a doença de Parkinson, o cancro, outras doenças mentais, doenças hormonais, a dependência de substâncias como o álcool, entre outras.

O mesmo pode suceder com certos medicamentos, como os corticóides, alguns anti-hipertensivos, alguns imunossupressores, alguns citostáticos, medicamentos de terapêutica hormonal de substituição, e neurolépticos clássicos, entre outros.


Como se trata a depressão?


Normalmente, através do uso de medicamentos, de psicoterapia, ou da conjugação de ambas. A combinação de psicoterapia com medicação é mais eficaz forma de tratamento e a que produz efeitos mais duradouros.

As intervenções psicoterapêuticas são particularmente úteis nas situações ligeiras e reactivas às adversidades da vida, bem como em associação com medicamentos nas situações moderadas e graves.

O deprimido tende a ver o mundo através de uma lente que o faz interpretar todos os acontecimentos de uma forma negativa, quer porque percebe o mundo como fazendo solicitações excessivas ou colocando obstáculos insuperáveis para os seus objectivos de vida, quer porque interpreta as suas interacções com o meio como perdas ou fracassos. Como consequência, o futuro apresenta-se sempre pior do que o presente, aumentando assim a gravidade dos sintomas. A intervenção de um psicólogo pode alterar esta visão do mundo e de si, ajudando os pacientes a compreender e enfrentar o seu desespero diário.

A depressão é uma condição médica muito grave e envolve o corpo, o humor, os pensamentos e os comportamentos. Afecta a forma como a pessoa come e dorme, a forma como a pessoa se sente em relação a si própria e a forma como a pessoa pensa sobre as coisas e as pessoas que a rodeiam.

Sem o tratamento apropriado, os sintomas podem manter-se durante semanas, meses ou anos; no entanto, o tratamento correcto beneficia a maioria das pessoas deprimidas.

Se reconhece estes sintomas procura ajuda especializada. A eficácia do tratamento é tanto maior quanto mais rápida for a intervenção!

Abaixo encontra dois vídeos que descrevem os sintomas mais comuns da Depressão e de que forma esses sintomas podem afectar a vida das pessoas.